Quando algo é melhorado, acaba sendo ainda mais utilizado: O paradoxo de Jevons e seu impacto na IA
Em relação ao artigo anterior sobre IA e o paradoxo de Moravec, outra antinomia que vem sendo mencionada nos últimos meses após o surgimento do DeepSeek (nova IA chinesa), com sua proposta ambiciosa, e os anúncios sobre o projeto Stargate (iniciativa que foca no desenvolvimento de infraestrutura de inteligência artificial nos Estados Unidos), é o paradoxo de Jevons, mencionado recentemente por Satya Nadella (CEO da Microsoft) em uma de suas mensagens pelo X nas redes sociais.
Esse paradoxo data de 1865, quando o economista britânico William Jevons fez uma descoberta quase intuitiva e a fundamentou em seu livro “The Coal Question” (A Questão do Carvão): quando as máquinas a vapor se tornaram mais eficientes e consumiram menos carvão por unidade de energia, o consumo total de carvão não caiu, mas sim disparou. Por quê? Porque a eficiência reduziu custos e expandiu a adoção em vários setores. Isso é conhecido como paradoxo de Jevons: em vez de diminuir a demanda por um recurso, as melhorias de eficiência podem, na verdade, aumentá-la ainda mais.
Em 2025, o novo modelo de IA da DeepSeek levantou preocupações sobre um possível declínio na demanda por chips de alto desempenho e computação em nuvem. Mas a história sugere o contrário: ganhos de eficiência não eliminam a demanda por “matérias-primas”; eles os aceleram. Ou seja, quando algo é melhorado, acaba sendo ainda mais utilizado.
Para entender melhor esse paradoxo, podemos relacioná-lo a um exemplo do cotidiano: lâmpadas de baixo consumo, especificamente os LEDs (Diodos Emissores de Luz). Essas lâmpadas são amplamente conhecidas por sua eficiência energética e maior vida útil em comparação às lâmpadas tradicionais. Nossa lógica sugere que, como os LEDs consomem menos energia, deveríamos ver uma redução no consumo geral de energia. Entretanto, embora a conta de luz possa diminuir inicialmente, com o tempo ela tende a se estabilizar ou até aumentar. Isso porque, ao percebermos que os LEDs consomem pouca energia, deixamos de fazer uso racional das lâmpadas e aumentamos seu uso indiscriminadamente.
Portanto, a redução de custos associada aos modelos de linguagens (LLM) e outros modelos de IA emergentes, como o DeepSeek, não deve ser interpretada como uma diminuição no uso de recursos computacionais subjacentes, como GPUs NVIDIA. Pelo contrário, as empresas entendem que a evolução da IA levará a um aumento na demanda por esses recursos. Os CEOs das principais empresas de IA reiteraram repetidamente que o custo da IA será reduzido a níveis insignificantes, permitindo sua ubiquidade. A verdadeira chave está no acesso aos recursos de processamento e, em grande parte, à energia. Essa perspectiva justifica o anúncio da OpenAI de participar do projeto Stargate, pois eles precisam investir em infraestrutura computacional e garantir acesso preferencial a um grande centro de processamento, sem depender exclusivamente de alianças comerciais. Essa necessidade de mais computação está prevista para a América Latina, daí a importância de data centers como os que a Cirion Technologies está construindo e do acesso à energia limpa.
Na América Latina, 80% das empresas já tiveram contato com inteligência artificial, e grandes companhias planejam destinar mais de 15% de seu orçamento à tecnologia de IA nos próximos anos, segundo os principais analistas de mercado.
Porque a IA é essencial nos Contact Centers e sua crescente participação.
Para embarcar na jornada rumo à transformação por meio da inteligência artificial, é crucial entender como as demandas dos clientes, funcionários e negócios estão evoluindo e o que essas tendências significam para as operações de atendimento ao cliente. A inteligência artificial em contact centers representa não apenas uma oportunidade empolgante, mas também essencial para marcas que buscam abordar problemas atuais e melhorar experiências futuras. Com as expectativas dos clientes (CX) e dos funcionários (EX) aumentando constantemente, o impacto desses problemas só se intensificará em 2025. As organizações há muito tempo enfrentam obstáculos que as impedem de criar experiências contínuas, personalizadas, preditivas e proativas, desde sistemas não integrados a processos ineficientes e dados insuficientes. Oferecer um atendimento excepcional ao cliente sempre foi um desafio. Assistentes virtuais com tecnologia de IA, como os oferecidos pela Cirion Technologies, são extremamente úteis para lidar com consultas frequentes de clientes, liberando agentes humanos para se concentrarem na resolução de problemas mais complexos e específicos. No entanto, como muitos líderes de CX reconhecem, o verdadeiro potencial da IA na experiência do cliente vai muito além dos chatbots e sua capacidade de responder a perguntas rotineiras. A IA tem o poder de transformar a CX por meio de análises preditivas, personalização avançada e automação de processos, o que pode levar a melhorias significativas na satisfação e fidelidade do cliente.
Transformação do Contact Center: dos custos ao valor dos dados
Capacitar a empresa com conhecimento práticos é a maneira mais segura de um contact center se transformar de um centro de custo em um centro de valor. Soluções modernas de análise de IA são essenciais para capturar, unificar, analisar e democratizar essa inteligência. A grande maioria dos líderes de contact center aspira tornar os conhecimentos obtidos dos clientes um recurso mais amplamente compartilhado em toda a empresa até 2025. Além de promover experiências de serviço personalizadas, esses dados podem impulsionar o sucesso geral dos negócios, desde campanhas de marketing mais eficazes até design de produto mais amigável e branding mais inteligente. Como porta de entrada entre a empresa e seu público, o contact center ganha acesso a inteligência sem precedentes sobre demandas, expectativas, comportamentos e sentimentos dos clientes.
O que acontece no contact center NÃO deve ficar no contact center… até a próxima entrega.
Autor:
Lic. Fernando Riedel
Especialista em Voz e Colaboração
Cirion Technologies
fernando.riedel@ciriontechnologies.com